terça-feira, 15 de novembro de 2011

TCC de Artes




Apresentação do Trabalho de Conclusão de Curso Licenciatura em Atres


JOSÉ NILTON DA SILVA
A IMPORTÂNCIA DA ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL
Centro Universitário Claretiano
CIDADE
2011
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A IMPORTÂNCIA DA ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL
RESUMO
A Educação Artística é uma ponte entre duas práticas sociais: a arte e educação. Ambas se movem e são confluentes para a formação do ser humano. A arte é uma forma de conhecer e representar o mundo. A Educação permite a construção e formação do indivíduo. Arte, nas suas diversas expressões, é uma atividade eminentemente social, que está presente na vida cotidiana do homem. É um aspecto central da sua vida o distingui dos outros seres vivos e que só ele é capaz de produzi-lo e apreciá-lo. A Arte ocupa um lugar de destaque para todos, faz parte da experiência pública, e através dela a cultura se manifesta.Isto implica a necessidade de abordar as relações entre a educação e arte. Nesta perspectiva o presente estudo tem por objetivo analisar a importância do ensino da arte no ensino fundamental.
Palavras-chaves:
Arte; Educação; Ensino Fundamental.
INTRODUÇÃO
O caminho para a educação perpassa por todas as atividades humanas, por isso seu objetivo maior deve ser propiciar o pleno desenvolvimento de todos os indivíduos levando-os à humanização. Dessa forma, a tarefa da educação é complexa e delicada, porque supõe, em princípio, tornar o individuo um cidadão. Na sociedade em constantes transformações, é necessário pensar que a concepção de educação não pode ser entendida a partir de uma definição simplificada, pois esta complexificação social levou à ampliação do conceito de educação, e por vias de conseqüência, a teoria e a prática educativa.
Considera-se, portanto, que a arte e a educação assumem uma função social e tornam-se um verdadeiro trunfo para construir uma sociedade mais democrática, pois homens educados são homens que possuem recursos para colocar em liberdade o seu pensamento, e a liberdade maior é a que se conquista através de idéias, que não podem ser destruídas pela força, e que dependendo de sua intensidade, imortalizam-se geração após geração e mantêm vivos aqueles que inicialmente as acenderam. Partindo deste pensamento entende-se que ao promover a participação do aluno como sujeito ativo do processo de ensino-aprendizagem da arte, o professor favorecerá o desenvolvimento da autonomia intelectual e social de seus alunos, permitindo que desfrutem do seu aprendizado com mais segurança e que desenvolvam atitudes de compromisso com a sociedade na qual estão inseridos.
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O objetivo central deste estudo é analisar a importância do ensino da arte no ensino fundamental. A realização desta investigação científica foi elaborada a partir de uma pesquisa bibliográfica tem por objetivo explicar o problema com base em contribuições teóricas publicadas em documentos (livros, revistas, jornais, etc.).
1. ARTE E CULTURA
Abordar o tema arte remete à reflexão da constituição do ser humano. A arte como criação humana se torna a expressão das idéias, pensamentos e sentimentos do homem. Numa concepção marxista da arte, Peixoto (2005, p.4) afirma que:
Como produto essencialmente humano, a
arte não é, nem poderia vir a ser, uma produção automática; é, sim, um produto humano completo e complexo, para o qual são solicitadas as qualidades mais refinadas do homem enquanto tal [...] Em síntese, trata-se da dialética da práxis humana em toda a sua completude, da qual pode emergir um novo artista, um novo produto ou uma nova realidade, de ordem espiritual-material. Nesse quadro, a função social precípua da arte é a de ―fazer-se o eco e o reflexo da experiência comum, dos grandes eventos e idéias do seu povo, da sua classe e do seu tempo‖.
Maudonnet (2005) expõe que a arte é uma realização inerente ao ser humano, pois, nenhum animal é capaz de produzí-la. De acordo com este autor na evolução histórica da humanidade verifica-se que os homens primitivos produziam arte e representavam a realidade através de seus desenhos nas cavernas. Contudo, além de representar a realidade, a arte também se trata de uma forma de experiência que vivifica a vida e faz com que o homem se dê conta de que está vivo.
Diante disto é indiscutível o caráter histórico da arte e se torna possível falar sobre a uma história da arte. Em cada momento que o homem viveu ele criou valores estéticos para a arte que produziu.
Arte é sentimento, que tem a capacidade de alterar a realidade exterior, podendo transformá-la ou suprimi-la, como é o caso do Abstracionismo, que busca a expressão da realidade interior (CAVALCANTE, 1981, p. 44). Araeen (2005, p.2) expõe que:
A arte tem a ver também com o pensamento, com a percepção, e com a capacidade de inovar e criar. Exige uma imaginação livre de exprimir a sua visão através de um produto original e com um profundo significado social, não só para os indivíduos, mas também para a comunidade ou a sociedade em que o artista se integra
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A partir deste pensamento, compreende-se também que a arte faz parte do processo de humanização que emana da cultura de um povo. Neste sentido, a ―arte expressa os valores que constituem o pano de fundo de uma sociedade (ORTIZ, 2007, p.12)‖.
Na concepção de Barbosa (2000, p.2):
Através das artes temos a representação simbólica dos traços espirituais, materiais, intelectuais e emocionais que caracterizam a sociedade ou o grupo social, seu modo de vida, seu sistema de valores, suas tradições e crenças. A arte, como uma linguagem representacional dos sentidos, transmite significados que não podem ser transmitidos através de nenhum outro tipo de linguagem, tais como as linguagens discursivas e científicas.
Ao estabelecer a clara relação entre arte e cultura, amplia-se esta discussão, salientando que o significado da palavra ―cultura‖, tem origem na Antiguidade, sendo entendida como o cultivo de alimentos, através do qual a planta crescia e se desenvolvia.
Hirata (2006, p. 35) atribui um significado antropológico à origem da palavra cultura, ao relatar em seu estudo que o ato de cultivar uma planta indica uma ação humana de cuidados e que esta se apresenta diferenciada nas sociedades, influenciada por fatores ambientais, como: clima, solo e utensílios para o seu manuseio. Nesta perspectiva, a autora, também ressalta que existirão diferenças de cultura de uma sociedade para outra, em razão da prevalência de tais fatores.
Adota-se nesta discussão, o pensamento de Hannah Arendt, expoente da teoria política alemã, no século XX, acerca do conceito de cultura. Em sua obra, ―A Crise da Cultura‖, em que faz crítica à sociedade de massas, que produz a ―cultura de massas‖, pois, a cultura é um fenômeno do mundo porque se relaciona a objetos e é um fenômeno da vida porque se relaciona com o homem. Para Arendt (1972), a sociedade manipula a cultura de acordo com seus interesses. Acerca do significado etimológico da palavra cultura, Arendt (1972, p.24), expressa que:
A cultura — palavra e conceito — é de origem romana. A palavra "cultura" origina-se de
colere — cultivar, habitar, tomar conta, criar e preservar — e relaciona-se essencialmente com o trato do homem com a natureza, no sentido da preservação da natureza até que ela se torne adequada à habitação humana. Como tal, a palavra indica uma atitude de carinhoso cuidado e se coloca em aguda oposição a todo esforço de sujeitar a natureza à dominação do homem.
A partir desta afirmativa, compreende-se que não há como separar os processos sociais da história. Compreende-se que, o ser humano é um ser simbólico cultural, diferencia-se de outros seres porque pensa e constrói estruturas mentais cada vez mais complexas. Esse
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movimento faz parte da natureza humana, que vive modificando o mundo. Como não poderia deixar de ser, o homem continuou a transformar, de seus gestos nasceu à linguagem oral e das pinturas que registrava nas cavernas, nasceu à escrita, uma forma sofisticada de comunicação.
Diante desta análise, considera-se que no processo histórico da humanidade, a ordem social denominada Modernismo, conferiu ao homem a possibilidade de uma nova liberdade. Com o advento da Revolução Industrial a cultura burguesa impôs à sociedade seus valores, transformando assim o modo do homem expressar seus sentimentos e valores, ou seja, influenciou a arte. Ortiz (2007, p.7) argumenta que ―a arte, como expressão da liberdade, só é possível devido às transformações históricas que libertam o indivíduo do poder centralizador da ordem aristocrática, criando uma esfera que permite o desenvolvimento da individualidade.‖
Observa-se que a arte foi influenciada pelo processo de transformação do modo de produção da sociedade moderna, pois após Revolução Industrial, a expansão das relações econômicas e sociais, influenciou a formação de uma nova consciência humana (FERREIRA, 2008, p.15). Por esta razão, A arte está comprometida com a realidade concreta, social e histórica do homem (PEIXOTO, 2005). Conforme Machado (2008 p.29-30):
O que marca a modernidade são as mudanças que ocorrem velozmente e em grande quantidade, tendo como base uma temporalidade voltada para o futuro. Esse anseio desenfreado pelo desenvolvimento, que impele os indivíduos ao futuro, tem origem no ideário iluminista de progresso
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Ferraz (2004, p.22) explica que a partir do advento da indústria as cidades começaram a crescer, atraindo pessoas, acarretando modificações na vida urbana. Aliado a isto o avanço tecnológico em um ritmo cada vez mais acelerado alterou a percepção do mundo. Compreende-se esta idéia a partir das palavras de Fregnart (2008, p. 2):
O modernismo do início do século marca a ruptura com a tradição da escultura: esta vai escapar da representação, da monumentalidade e do conceito tradicional de grande Arte. As principais razões históricas desta ruptura com as convenções que desde a Renascença determinaram seu gênero são de ordem social e filosófica.
O Modernismo representa uma grande ruptura no modo de conceber a arte e o seu ensino, que era tradicionalmente centralizada na técnica (SILVA; ARAÚJO, 2007, p.10).
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2. O ENTRELAÇAMENTO ENTRE ARTE E EDUCAÇÃO
A Educação no sentido mais amplo é um ato que tem um efeito formativo sobre o indivíduo, com a finalidade de prepará-lo para viver na sociedade. Acerca disto Debesse & Mialaret (1974, p.17), asseveram que:
A educação consiste em favorecer o desenvolvimento tão completo quão possível das aptidões de cada pessoa, há um tempo como indivíduo como membro de uma sociedade regida pela solidariedade. A educação é inseparável da evolução social, constitui uma das forças que a determina.
Assim, a educação deve estimular a ação do sujeito para a construção de conhecimentos, propiciando a criticidade, bem como a reflexão.
Conforme Libâneo (1985, p. 97):
Educar (em latim, é
educare) é conduzir de um estado a outro, é modificar numa certa direção o que é suscetível de educação. O ato pedagógico pode então ser definido como uma atividade sistemática de interação entre seres sociais, tanto ao nível intrapessoal, quanto ao nível da influência do meio, interação essa que se configura numa ação exercida sobre sujeitos ou grupos de sujeitos visando provocar neles mudanças tão eficazes que os torne elementos ativos desta própria ação exercida.
Assim, a educação deve estimular a ação do sujeito para a construção de conhecimentos, propiciando a criatividade, bem como a reflexão. Com isto a educação deve visar à formação integral do indivíduo preparando-o par viverem sociedade.
A educação tem papel histórico, pois, visa formar o indivíduo par viver em sociedade em uma dada época, desenvolvendo valores morais, culturais e sociais, que permitirão o convívio harmônico com seus semelhantes.
Assim, o ato de formar o ser humano se dá de fora para dentro, ou seja, ele "precisa ser educado" por ação externa, como os escultores que tomam uma matéria informe qualquer, uma madeira, uma pedra. Para Pérez Gómmez (2000, p.13):
A educação, num sentido amplo, cumpre uma inulidível função de socialização desde que a configuração social da espécie se transforma em um fator decisivo da hominização e em especial da humanização do homem.
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Para Kant (1996) "o homem é a única criatura que precisa ser educada", pois o homem não se define no seu nascimento. Ele nasce apenas como ser biológico que necessita se de transformar para se tornar humano. Ele incorpora natureza distinta das demais criaturas. Ao nascer não possui condições e nem preparo para se orientar no processo de sua própria existência. Ainda Kant (1996, p.15) ―o homem não pode chegar a ser homem a não ser por intermédio da educação. Ele não é mais do que aquilo que a educação faz dele."
A educação enquanto ato pedagógico conduz o ser humano à plena liberdade e autonomia que o leva a desfrutar o prazer de viver.
Revela-se desta forma, a importância da educação para a formação humana, que por meio de ações exercidas pelo adulto sobre as crianças, leva estas a adquirir a maturidade social, suscitando-lhes meios para promover seu desenvolvimento físico, moral, intelectual, emocional, cultural e psíquico.
A educação estende-se à vida inteira e a partir dela se instaura o processo de hominização. Segundo Freire (1987, p.14) a ―hominização‖ não é adaptação, o homem não se naturaliza, mas humaniza o mundo. A ―hominização‖ não é só processo biológico, mas também história. Falar em humanização é reconhecer a desumanização, que na perspectiva de Freire é a distorção da vocação do
ser mais.
Compreende-se que a hominização é tronar o homem um sujeito consciente, crítico e ético. Nas palavras de Freire (1987, p.30):
A luta pela humanização, pelo trabalho livre, pela desalienação, pela afirmação dos homens como pessoas, como ―seres para si‖, não teria significação. Esta somente é possível porque a desumanização, mesmo que um fato concreto na história, não é, porém
destino dado, mas resultado de uma ―ordem‖ injusta que gera violência dos opressores e esta, o ser menos.
A socialização é uma função exclusivamente humana que se dá por meio da educação, daí sua importância para a vivência em sociedade. O homem nasce um ser biológico, mas se torna um ser humano e social por meio do ato educativo.
Ele incorpora natureza distinta das demais criaturas. Ao nascer não possui condições e nem preparo para se orientar no processo de sua própria existência.
Educar implica retirar do indivíduo tudo que o confina nos limites da Natureza e dar a ele outra conformação, só possível na vida social (RODRIGUES, 2001).
No entanto, o processo educativo não se reduz a essa formação externa. Ela é imperativa, entretanto não é satisfatória. Educar não é somente isso, e sim criar meios
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intelectuais de cada educando para que ele seja apto a assumir suas potencialidades físicas, intelectuais e morais para conduzir a continuidade de sua própria formação.
Esta é uma das condições para que ele se construa como sujeito autônomo como ser humano. A educação possibilita que cada indivíduo adquira capacidade de auto-conduzir o seu próprio processo formativo (RODRIGUES, 2001).
Esta afirmativa vem de encontro com a opinião de Brandão (1995) que ressalta que a educação é ―um modo de vida‖ dos grupos sociais, que existe em toda parte e no imaginário das pessoas e na ideologia dos grupos sociais.
Assim sendo, a educação conduz o ser humano à sua formação moral que possibilita a sua existência na vida social. A partir da análise empreendida pode-se observar que a educação tem papel fundamental para a formação ética e moral
do ser humano.
A educação é que possibilita que o ser humano se torne verdadeiramente homem, pois ela molda a natureza humana, ela conduz o indivíduo à autonomia e permite que valores e conhecimentos produzidos culturalmente de uma geração para outra.
A ligação entre arte e educação , em seu sentido mais tradicional, leva à prática da educação artística, que tem como foco o estudo sobre as obras de arte. A arte-educação , por sua vez, se debruça sobre o mundo das formas e sentimentos que transcendem o puramente artístico.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Artes (1997, p.11) expõe ―uma compreensão do significado da arte na educação, explicitando conteúdos, objetivos e especificidades, tanto no que se refere ao ensino e à aprendizagem, quanto no que se refere à arte como manifestação humana‖. Na concepção de Barbosa (2003, p. 18):
A Arte na Educação como expressão pessoal e como cultura é um importante instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento individual. Por meio da Arte é possível desenvolver a percepção e a imaginação, apreender a realidade do meio ambiente, desenvolver a capacidade crítica, permitindo ao indivíduo analisar a realidade percebida e desenvolver a criatividade de maneira a mudar a realidade que foi analisada.
A arte-educação cria um um impacto sobre a educação através da arte, que amplia o alcance da educação de olhar para além das formas, aliando o equilíbrio entre ética e estética.
Barbosa (2000, p.3) defende a idéia do vínculo entre arte e educação, pois, a arte na educação é um instrumento para a identificação cultural e o desenvolvimento, a partir da expressão individual e cultural. Para a autora, por meio das artes é possível desenvolver a
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percepção e a imaginação, bem como apreender a realidade percebida e analisá-la de forma crítica, tendo em vista a sua transformação.
Uma das estratégias para que ocorra o avanço do ensino da arte-educação no Brasil preparando os alunos para compreenderem e apreciarem a arte de forma crítica seria a criação de:
Um currículo que integre atividades artísticas, história das artes e análise dos trabalhos artísticos levaria à satisfação das necessidades e interesses das crianças, respeitando ao mesmo tempo os conceitos da disciplina a serem aprendidas, seus valores, suas estruturas e sua específica contribuição à cultura. Dessa forma, realizaríamos um equilíbrio entre as duas teorias curriculares dominantes: aquela centrada na criança e a centrada na disciplina (matéria) (BARBOSA, 2000, p.3).
Até a década de os inícios dos anos o compromisso do ensino da arte na escola era apenas com o desenvolvimento da expressão pessoal do aluno. Atualmente o objetivo deste ensino é a livre- expressão. O paradigma modernista de que todos os alunos são artistas era uma utopia e foi substituído pela idéia de que todos podem compreender e usufruir da arte, sendo esta um veículo de desenvolvimento humano, histórico e social (BARBOSA, 2010). Conforme Barbosa (1975, p.45):
A idéia da livre-expressão, originada no expressionismo, levou à idéia de que a Arte na educação tem como finalidade principal permitir que a criança expresse seu sentimento e à idéia de que a Arte não é ensinada, mas expressada. Esses novos conceitos, mais do que aos educadores, entusiasmaram artista e psicólogos, que foram os grandes divulgadores dessas correntes e, talvez por isso, promover experiências terapêuticas passou a ser considerada a maior missão da Arte na Educação.
Silva & Araújo (2001) no estudo que realizaram sobre tendências e concepções do ensino de arte na educação escolar brasileira salientam que a arte-educação é epistemologia da arte, que se caracteriza como caracterizado como um campo de conhecimento agrega diferentes estudos, os quais são frutos de pesquisas científicas na área da arte e seu ensino.
3. A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTE
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A formação inicial do professor de artes se dá através do curso de licenciatura em Educação Artística, cuja duração é de quatro anos. A grade curricular contempla o estudo de várias disciplinas relacionadas à arte e a educação, como por exemplo: psicologia da educação e da arte; metodologia de ensino da arte na educação básica; psicologia da aprendizagem e da adolescência, didática, etc..
Cavalcanti (2008) lança um olhar crítico sobre a questão da formação do professor de arte argumentando que o professor em sua formação inicial passa em média quatro anos numa universidade aprendem a reproduzir técnicas específicas de aprendizagem de linguagens artísticas, com enfoque na produção De desenho, pintura, linguagem bidimensional e tridimensional, processos criativos dentre outros. A aprendizagem destas técnicas, segundo este autor, não contribui para que estes docentes tenham uma formação adequada para ir além dos conhecimentos adquiridos durante o curso de graduação, ou seja, para ousarem uma inovação.
Além disto, se observa que o mais próximo do ensino da arte no contexto escolar é através dos estágios supervisionados que geralmente apresentam carga horária insuficiente para adquirir a experiência necessária para prover suas questões (CAVALCANTI, 2008).
Cavalcanti (2008, p.86) destaca que:
Ao se formar, o professor de Arte chega com essa bagagem em seu estabelecimento de ensino e depara-se com um dos tipos específicos: ou é persuadido a adotar um plano específico já existente na escola, estabelecido por órgãos superiores ou professores mais antigos, ou se vê compelido a criar um plano próprio de trabalho, sem muita analogia com a proposta pedagógica da escola. Neste último caso, é um reflexo muitas vezes da grande rotatividade de professores na rede de ensino e o professor inexperiente se vê com a necessidade de colocar em prática sua aprendizagem acadêmica, mas como transferir essa aprendizagem para a sala de aula?
Uma das alternativas para solucionar esta questão polêmica, é a formação continuada de professores arte-educadores. Entende-se a formação continuada é um processo situado na realidade no âmbito da Educação e que faz parte da seqüência da formação inicial. Este processo necessário para o aperfeiçoamento do professor, bem como para sua realização profissional, pois a formação continuada desenvolve de competências e possibilita o domínio dos conteúdos básicos relacionados com as áreas/disciplinas de conhecimento (ZANELA, 2007).
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Prada (2007), ao investigar os direitos e deveres na formação continuada dos profissionais da educação, explica que:
É necessário construir novas propostas e abrir debates que problematizem a formação continuada de professores no que tem a ver com concepções e práticas culturais, políticas, acadêmicas dessa formação, tendo em conta, ao menos três focos desta problematização: os formadores dos professores, os professores-alunos na formação continuada e os conteúdos teórico-metodológicos (PRADA, 2007, p.3)
Neste compasso, Silva (2005) afirma que ―nessas dimensões, a formação continuada aparece associada ao processo de melhoria das práticas pedagógicas desenvolvidas pelos professores em sua rotina de trabalho e em seu cotidiano escolar‖.
Desta forma, compreende-se que a formação continuada de professores é uma necessidade, que tem o propósito de atender as exigências do cotidiano e da sociedade como um todo. A pesquisa de Zanela (2007, p.14) explicita que ―a formação continuada ainda é uma necessidade, porém, em decorrência da proliferação de papéis atribuídos aos profissionais da educação e à variedade desafios a que estes professores devem responder‖.
Diante disso, a sociedade reclama por uma escola onde a aquisição do conhecimento continuado assuma um papel de destaque, exigindo um cidadão crítico, criativo, reflexivo e com capacidade de pensar, de aprender a aprender, de trabalhar em grupo e de se conhecer como indivíduo, integrado ao seu contexto social.
Nesta perspectiva Cavalcanti (2008) defende que a formação continuada para os professores de artes contribui para equacionar o ensino da arte no país, pois, possibilita que os professores não fiquem defasados em relação às transformações sociais, ou seja, que atualizem seus conhecimentos para acompanhar o avanço tecnológico e a possibilidade que estes oferecem para que os alunos adquiram informações instantaneamente.
O conhecimento da realidade escolar e da prática do ensino de artes e faz através da disciplina de estágio supervisionado. O Estágio Supervisionado tem como objetivo complementar a formação acadêmica do aluno, possibilitando o confronto entre a teoria e a prática, o contato com a vida profissional em instituições de ensino, de modo proporcionar uma formação que facilite a sua futura integração no mercado de trabalho, dotando-o, sempre que possível, de uma experiência profissional mínima em situação real de trabalho.
Esta complexa realidade da ação docente aponta para uma perspectiva do papel do Estágio Supervisionado como um fator de integração entre o ensino e a realidade. De acordo com Fazenda
et al (1999, p.27): 12
Com a prática da reflexão sobre a prática vivida e concebida teoricamente, são abertas perspectivas de futuro proporcionadas pela postura crítica mais ampliada, que permitem perceber os problemas que permeiam as atividades e as fragilidades da prática.
A prática de ensino com Estágio Supervisionado contribui para o desenvolvimento do desempenho pedagógico mais efetivo, enfim mais crítico. No Estágio Supervisionado as situações educativas vivenciadas pelas estagiárias constituem-se o marco divisório onde teoria e prática se encontram e se confrontam. Neste encontro a possibilidade de integração de ambos se dá através da reorganização de saberem advindos da prática com saberes advindos da teoria
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Na perspectiva de Russef e Bittar (2003) é neste processo que o professor constrói sua identidade profissional a qual se caracteriza pela integração de sua história de vida, compreendendo seus anseios, representações sabres e posturas, com o relacionamento com outros profissionais tanto dentro quanto fora da escola.
Convém sublinhar que, na busca pela introdução de novos indicadores para a formação de profissionais para educação, especificamente da Educação Básica, a de Lei de Diretrizes e Bases de 1996 no Capítulo 6 em seu artigo 64 explicita que: ―a formação docente exceto para a educação superior, incluirá a prática de ensino, de no mínimo, trezentas horas‖. De acordo com Barreiro e Gebran (2006, p.55):
O Parecer CNE/CP9/2000 ao apresentar as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, destaca a importância da articulação da teoria com a prática e indica que ―a pratica a matriz curricular não pode ficar reduzida a um espaço isolado, que a reduza ao estágio como algo fechado em si mesmo e desarticulado do restante do curso.
É indiscutível a contribuição que este PARECER trouxe para formação de professores, pois admite que a prática deva permear todo o curso. Isto implica que ele esteja inserido em todas as disciplinas, de forma articulada com conhecimentos e experiências relacionadas à educação. Barreiro e Gebran (2006, p.55) também relatem que PARECER CNE/CP9/2000 reforça a idéia da prática como componente curricular, que se encontra presente tanto na reflexão sobre a atividade profissional, quanto durante o estágio no qual se exercita atividade profissional.
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Com relação ao estágio supervisionado, houve uma mudança na proposição inicial do PARCER 9 /2001, que foi alterada pelo PARECER 27/2001. Este PARECER escabele que os estágios supervisionados devam ser realizados nas escolas de educação básica.
Dessa forma fica garantido nos cursos de formação de professores, o estágio supervisionado obrigatório, que permite a vivência de diferentes dimensões da atuação profissional.
Para Souza (2006) é imperativo que o professor esteja atualizado sempre, além de estar apto a se adaptar às transformações que ocorrem todos os dias nas sociedades, e que, direcione seus objetivos a uma formação permanentemente (rever conceitos, inovar, diversificar, aprender, etc.) a fim de corresponder às novas carências educacionais escolares que o mundo globalizado e da tecnologia tem imposto. Sob um aspecto geral, a contribuições da Formação Continuada para a melhoria da qualidade do ensino, fazem parte de uma perspectiva significativa no processo de troca de saberes entre professor e alunos. Destarte, os educadores precisam ser capazes de refletir sobre si mesmo e seu próprio trabalho. Em outras palavras:
A formação continuada deve representar uma ruptura com os modelos tradicionais e também representar a capacidade do professor entender o que acontece na sala de aula, identificando interesses significativos no processo de ensino-aprendizagem na própria escola, valorizando e buscando o diálogo com colegas e especialistas (MOREIRA, 2003, p.130)
Para Candau (1999) a importância do reconhecimento e a valorização do saber docente, devem ser tomadas como referências fundamentais no processo de formação continuada. Pois para se obter um adequado desenvolvimento profissional do magistério; não se pode tratar do mesmo modo o professor iniciante com aquele que já conquistou uma ampla experiência pedagógica. Ampliando esta discussão, cabe ressaltar que a qualidade no ensino superior tem sido palco de diversos debates. O foco destes debates é diz respeito à limitação da formação docente no ensino superior, que fica estagnada em sua formação inicial (FAVARIM; DIMOULIS, 2003).
Selles (2002) concorda com esta idéia ao afirmar que:
A formação de um professor é um processo contínuo. O momento de seu ingresso ao curso de formação inicial é apenas um marco numa trajetória de crescimento onde, somados aos constituintes da história de vida deste indivíduo, irão conjugar-se conhecimentos de uma dada área específica, teorias pedagógicas e elementos práticos oriundos da atividade docente e, em conjunto, formam a base sobre a qual a profissão irá se alicerçar (SELLES, 2002, p.1)
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Os Cursos de Capacitação em Linguagens Artísticas têm por finalidade capacitar os professores para, o ensino de artes em modalidades específicas, contribuindo desta forma, para o processo ensino-aprendizagem ocorra de forma eficaz. De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s) as linguagens artísticas são: dança, música, teatro, artes visuais. Com os PCN’s o ensino da Arte é fortalecido e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (9.394/96) torna esta disciplina obrigatória em vários níveis da educação básica.
O curso de capacitação em linguagem artística é fundamental no processo ensino- aprendizagem, pois, de acordo com Lis e Lippmann (2009, p.7):
O professor deve ter entendimento nas linguagens artísticas, para repassar um ensino de forma coerente e democrático, não se detendo apenas em sua especificidade de formação, pois arte como o termo reporta, deve ser contemplada em seu sentido amplo, envolvendo a diversidade de áreas, e os alunos têm o direito de apreciá-las, analisá-las, refleti-las e experimentá-las, porque todas essas linguagens artísticas fazem parte de seu cotidiano.
Para Nisker (1996, p.83) ―o ensino da Arte constituirá componente curricular obrigatório, nos diversos níveis da educação básica, de forma a promover o desenvolvimento cultural dos alunos‖.
4. ARTE NO ENSINO FUNDAMENTAL: REFLEXÕES NECESSÁRIAS
No currículo educacional é necessário inserir como necessárias a meta de alfabetização visual, pois o conhecimento da imagem é de fundamental importância para o desenvolvimento da subjetividade e possibilita desenvolvimento da capacidade analítica através da interpretação dos trabalhos artísticos em seu contexto histórico.
É preciso partilhar a idéia de que há uma alfabetização em arte, como existe um alfabetização para o indivíduo adquirir o código escrito. Conforme Barbosa (2010, p.2):
A necessidade de Alfabetização Visual vem confirmando a importância do papel da Arte na Escola. A leitura do discurso Visual, que não se resume só a uma análise de forma, cor, linha, volume, equilíbrio, movimento, ritmo, mas principalmente é centrada na significação que estes atributos em diferentes contextos conferem à
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imagem é um imperativo da contemporaneidade. Os modos de recepção da obra de Arte e da imagem ao ampliarem o significado da própria obra a ela se incorporam.
Outro aspecto que deve ser considerado no ensino da arte é que possibilita a compreensão de diferentes linguagens, constituindo o que se pode chamar de uma educação sem territórios e fronteiras.
Assim, o ensino da arte no ensino fundamental possibilita também o exercício de imaginação, no qual os alunos são levados a perceberem que, ainda que pessoas estejam distantes de sua época histórica, partilham da mesma natureza. Uma das metodologias que podem ser adotadas para o ensino da arte é a visita a bienais. O ensino de arte-educação em visitas a bienais aproxima os alunos da produção artística e faz com que não ocorra o estranhamento às imagens da arte. Dotto (2008, p.5) argumenta que:
Não basta apenas o fazer da mão, embora indispensável à criatividade do educando, é necessária a contextualização deste fazer bem como o conhecimento histórico do que já se fez. Deixar com que o aluno se expresse livremente, segundo a autora, e não fazê-lo pensar criticamente sobre aquilo que está produzindo o tornará, em outras palavras um cidadão inerte aos acontecimentos de sua sociedade. Em uma exposição de arte o educando poderá viver aquilo que lhe é contado nos livros de história da arte ou nos slides que provavelmente seu professor lhe apresenta sobre arte contemporânea. E a apreciação da obra de arte prepara o educando para uma melhor recepção do que se produz na contemporaneidade.
A visita a bienais contribui para o desenvolvimento de experiências significativas dos alunos em relação à arte e, principalmente diminui as barreiras simbólicas que impedem que a grande massa da população componha o perfil de seus visitantes (CAVALCANTI, 2008).
As exposições de artes, nas bienais contribuem para formar os alunos como os conhecedores e decodificadores da obra de arte. Apreciar a obra de arte nas bienais é um exercício estético no qual se tem a oportunidade de construir um olhar crítico ao mundo que o cerca. Neste contexto, através de visitas a bienais, cabe ao arte-educador a tarefa de tornar o trabalho de apreciação de obras de arte um exercício ao desenvolvimento de um olhar mais atento (DOTTO, 2008).
De acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p. 39), os objetivos gerais de Arte para o Ensino Fundamental:
No transcorrer do ensino fundamental, o aluno poderá desenvolver sua competência estética e artística nas diversas modalidades da área de Arte (Artes Visuais, Dança, Música, Teatro), tanto para produzir trabalhos pessoais e grupais quanto para que possa, progressivamente, apreciar, desfrutar, valorizar e julgar os bens artísticos de distintos povos e culturas produzidos ao longo da história e na contemporaneidade.
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Assim sendo, de acordo com este documento o ensino de Arte deverá organizar-se de modo que, ao final do Ensino Fundamental, os alunos sejam capazes de: Compreender a cidadania como participação social e política
Posicionar-se de maneira crítica, responsável e construtiva nas diferentes situações sociais
Conhecer características fundamentais do Brasil nas dimensões sociais, materiais e culturais
Conhecer e valorizar a pluralidade do patrimônio sociocultural brasileiro, bem como aspectos socioculturais de outros povos e nações
Perceber-se integrante, dependente e agente transformador do ambiente, identificando seus elementos e as interações entre eles
Desenvolver o conhecimento ajustado de si mesmo e o sentimento de confiança em suas capacidades afetiva, física, cognitiva, ética, estética, de inter-relação pessoal e de inserção social,
Conhecer e cuidar do próprio corpo, valorizando e adotando hábitos Saudáveis como um dos aspectos básicos da qualidade de vida
Utilizar as diferentes linguagens — verbal, matemática, gráfica, plástica E corporal — como meio para produzir, expressar e comunicar suas Idéias, interpretar e usufruir das produções culturais
Saber utilizar diferentes fontes de informação e recursos tecnológicos Para adquirir e construir conhecimentos;
Questionar a realidade formulando-se problemas e tratando de resolvê-los, Utilizando para isso o pensamento lógico, a criatividade, a intuição, a capacidade de análise crítica

Arte

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